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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Você tem o "hábito" de ler?

"Do hábito de ler à leitura como significado: qual a diferença?"



Muitos dos textos lidos durante este semestre me encantaram, afirmaram alguns pensamentos que eu já tinha e, também, entraram para a lista daqueles que são considerados bem importantes para a minha formação. A escolha de “Do hábito de ler à leitura como significado: qual a diferença?” se deu pelo simples fato de que, talvez, muitos de nós não tivéssemos parado para pensar a diferença que há aí.
Alguns filósofos, como Aristóteles e David Hume definem “hábito” como uma disposição adquirida pela repetição de atos, e, procurando em outros dicionários, encontrei o mesmo significado, que hábito é o comportamento que se repete frequentemente sem, ao menos, pensarmos em como devemos executá-lo. O que podemos entender com isso, então? Podemos entender que ao falarmos que temos o hábito de ler, estamos fazendo, mesmo que sem perceber, uma relação com treinamento e com quantidade e não com significado e qualidade.
Quando lemos, fazemos relações, viajamos, conhecemos mundos diferentes e ficamos cheios de informações e conhecimentos. Tudo isso tem a ver com a leitura significativa, em que usamos o pensamento, a imaginação, a memória, a inteligência e a sensibilidade, e não com um comportamento não reflexivo e repetitivo (Ah! Um lembrete: Vale salientar que quando lemos um livro repetidas vezes não estamos nos referindo a hábito, isto porque descobrimos vários significados a cada leitura).
É aí que entra o papel da escola, dos professores e dos pais: incentivar a leitura prazerosa, rica, que desperte emoções, com a qual o leitor estabeleça vínculos, e não aquela leitura da literatura por hábito (treinamento, sem o concurso do raciocínio), apenas para estudar a gramática ou para fazer a prova da escola (o que temos falado bastante nas aulas de Teoria e Prática de Literatura I, não é?).
Para quem não teve a chance de fazer a leitura desse texto que, diga-se de passagem, é bem interessante, deixo um gostinho dele aqui para vocês: uma citação que gostei bastante, que relaciona a leitura com as funções superiores e um questionamento que se encaixa muito bem para nós, futuros pedagogos:
A leitura deve ser concebida como uma prática social que remete a outros textos, outras leituras e uma atividade mental complexa em que o leitor utiliza diversas estratégias baseadas no seu conhecimento linguístico, sociocultural, enciclopédico (Kleiman, 1993, p. 10-12).
“Que tipo de aluno queremos formar? Um sujeito passivo, sem autonomia, repetidor mecânico à força do hábito? Ou um sujeito questionador, capaz de estabelecer relações lógicas, tomar posições frente a situações, imaginar e criar, enfim, extrair sentido do mundo em que vive?”.


Por: Ivana Luísa F. de Medeiros


ARAÚJO, M. D. Do hábito de ler à leitura como significado: qual a diferença? IN: AMARILHA, M. (Org). Anais do 1º Seminário Educação e Leitura. Natal/UFRN, 1996.

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