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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Um Garoto chamado Rorbeto


É isso mesmo, R-O-R-B-E-T-O, com esse “R” bem aí, nesse local que enrola a gente na pronúncia. O título já chamou a minha atenção, bem assim, de início... Já comecei a pensar se, por acaso, esse título queria fazer a gente pensar alguma coisa que não é, ou então, se ele simplesmente estava expressando o que o livro de Gabriel, o Pensador, quis passar mesmo!

O fato é que o garoto da história, o Rorbeto, ganhou esse nome erroneamente do seu pai, mas isso não foi o problema para o menininho (e eu que achei que o assunto principal do livro ia girar só ao redor do analfabetismo!), a questão é que quando ele aprendeu a contar, viu que tinha algo diferente em sua mão: existiam seis dedos! Esse sim é o problema: como esconder a mão com seis dedos de todo mundo? Pois bem, depois de tentar disfarçar esse dedinho a mais, Rorbeto e os colegas de sala descobriram que a mão “diferente” era a mão de ouro, pois escrevia a letra mais bonita da turma!

Achei o livro muito divertido, engraçado, e, tanto me envolvi que me esqueci de prestar atenção às ilustrações. Só depois de lermos, lembrei-me deste aspecto e, poxa, que ilustração linda, tudo muito colorido e, de uma forma mais atual, as imagens foram bem relacionadas ao conteúdo. Isto me fez voltar ao texto “Imagens sim, palavras não”, do livro “Estão mortas as fadas?”, de autoria da nossa professora Marly Amarilha  que, em certo trecho da página 41, diz: “A ilustração, além de deter o enredo da história, também sinaliza sobre o significado das palavras”. Obviamente, as ilustrações não devem ser o primeiro critério para a escolha de um livro, mas, principalmente para as crianças que estão em processo de alfabetização, elas vão ser um “chama”, um convite à leitura.

Deixo aqui a importância de lermos sem preconceitos, sem acharmos que o livro é infantil ou adulto demais, simplesmente lermos nos permitindo conhecer novos horizontes. O livro “Um garoto chamado Rorberto”, entre tantas leituras maravilhosas que fizemos (como “Tchau” e “Atrás da Sé, ó Calunga”) é bom para ser lido por nós (para nós mesmos e para nossos alunos), pois, de forma sutil, engraçada e rimada, fala sobre o analfabetismo, sobre inclusão e sobre como podemos encontrar qualidades em coisas que achamos que são defeitos... Aspectos importantes para a nossa formação. Outra coisa que ficou para mim a partir da leitura deste livro foi o entendimento de que a literatura não é algo distante da realidade infantil, ao contrário, de maneira lúdica ela envolve as crianças e ajuda na formação cognitiva, ética e afetiva de cada uma delas.

Por: Ivana Luísa F. de Medeiros


REFERÊNCIAS:
AMARILHA, Marly. Estão mortas as fadas? Literatura infantil e prática pedagógica. 8. Ed. Petrópolis: Vozes, 2009.
O PENSADOR, Gabriel. Um garoto chamado Rorbeto. São Paulo: Cosacnaify, 2005.

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