Desde que a tarefa de postar em um blog foi nos dada, passei um bom tempo pensando sobre o que e como escrever, mas o texto sobre Imagem Sim, Palavra Não¹ me chamou a atenção a tal ponto que decidi fazer minha reflexão sobre ele.
Por que o escolhi? Porque durante minha leitura, vieram à tona sentimentos que não tinha desde muito pequena, vou explicar.
O texto fala sobre o processo de escolha dos professores dos livros de literatura infantil na sala de aula, muitos deles usam como fator decisivo nessa hora a quantidade de páginas e gravuras que uma determinada obra possa ter. Bem, esses critérios não são banais, em se tratando da educação infantil ou de alunos em processo de alfabetização, visto que a gravura é um suporte a leitura, porém é delicado usá-los em séries mais adiantadas, onde o nível de leitura e cognição dos alunos já “deveria” estar em outro patamar, e os livros que apresentam só essas características, não mais satisfazem.
Pensando sobre esse processo, sim, porque você começa a ler o mundo, depois gravuras, depois letras, palavras, e ao passo que vai crescendo e amadurecendo, seu interesse muda e portanto a escolha da literatura tende a acompanhar essa mudança. O triste é perceber que a escola, muitas vezes, não está pronta para oferecer, no sentido de oportunizar o contato, fazer conhecer, apresentar obras que sejam capazes de serem interessantes aos alunos que crescem. E que se percebermos as gravuras vão se tornando menores, e os textos maiores, ao passo que os assuntos abordados acompanham o desenvolvimento da criança. Passando da literatura infantil para a infanto-junvenil, por exemplo.
Pensando sobre minha própria experiência, eu não fui apresentada a livros mais “densos,” no sentido de menos gravuras, pela escola, mas sim por meu pai, que me presenteou, quando tinha 8 anos, com a obra infantil completa de Monteiro Lobato. Ainda guardo toda a coleção!
Hoje tenho 28 anos, e quando li o texto Imagem Sim, Palavra Não me reportei ao momento em que li a primeira vez Reinações de Narizinho, quando Emília, a boneca, se torna falante!!! Foi um momento esplêndido!! Lembro que ficava horas com os livros, inclusive no intervalo da escola. Muita de suas páginas tem a data em que o li, a marca do clipe, ou a única gravura do capítulo esmeradamente pintada por mim! ( As poucas gravuras que tinha eram em preto e branco!!) Foram ótimos momentos!!! Momentos que além de serem prazerosos, ajudaram a desenvolver minha criatividade e imaginação, auxiliaram na aquisição de significados, fixaram em minha mente o português e suas regrinhas, aprendi naquela época em Emília no País da Gramática que a língua é viva, e que sempre muda!!
Ler Monteiro Lobato foi um divisor de águas, a partir dele li outras inúmeras obras, que buscava na biblioteca da escola, Pollyanna Eleanor H. Porter, a menina e a moça. Li o jardim Secreto Frances Hodgson Burnett, muito antes de gravarem o filme ( lançado em 1993), e outros e outros...
Ok, a escola teve participação no meu caminho, pois eu buscava os livros na biblioteca, mas será que se eu não o fizesse ela teria uma participação ativa??? Como no texto Lili e os moinhos².....só pra refletir.... e os professores, onde estavam que não me apresentaram a essas e tantas outras obras?? Será que pensavam como os professores do texto Imagem Sim, Palavras Não?
Ah, posso fazer, também, uma casadinha com o texto “O Que O Coração Não Sente, Os Olhos Não Lêem³”.
Confesso que as obras que sempre li, foram as que me interessaram, e que de algum modo me identifiquei. A identificação ou não, com uma obra ou um personagem é um processo inerente ao ato de ler.
Mas acredito que seja papel da escola mostrar aos alunos as inúmeras possibilidades que essa arte tão ampla pode ter: o mesmo assunto pode ser abordado de diversas perspectivas, e até diferentes assuntos às vezes parecem seguir o mesmo viés. Já falei demais!!!
Para terminar,
O meu muitíssimo obrigado a meu pai, Joel, que me “a-presenteou” (desculpem o trocadilho, mas não resisti) o mundo fantástico da literatura. E a professora Marly Amarilha, por me proporcionar esse momento prazeroso de reencontro!
BÁRBARA FERNANDES COSTA
1. AMARILHA, Marly. Estão mortas as fadas? Literatura infantil e prática pedagógica. 8 ed. Petrópolis:vozes,2009.
2. MILANESE,L. A casa da invenção. São Paulo: Siciliano,1991.
3. AMARILHA, Marly. O que o coração no sente, os olhos não lêem. In: Amarilha, M. Educação e leitura. Natal- RN: EDUFRN.
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