Um texto literário que chamou bastante a minha atenção foi: Chapeuzinho Amarelo de Chico Buarque. O texto é uma paródia ao clássico Chapeuzinho Vermelho, e conta a história de uma menina que sente medo de tudo e um dos seus grandes medos é do lobo. Com tanto medo Chapeuzinho Amarelo deixa de fazer muitas coisas relacionadas ao cotidiano infantil tais como não ir a festas, não ouvir conto de fadas e até mesmo de brincar. Mas quando Chapeuzinho Amarelo encontrou o lobo, o seu medo foi passando de tal forma que o algoz acabou virando um “bolo”. Ao enfatizar a palavra LOBO no texto sempre em letra maiúscula e sem separação de letras de modo a lê-se BOLO, o autor ridiculariza a ameaça e torna inofensiva a figura do lobo – que simboliza o medo. Assim, ao transformar o encontro com o lobo em brincadeira e o lobo em bolo, suaviza o medo do medo – seu maior medo. Enfrentando o desconhecido (o Lobo), ela supera seus temores e inseguranças, encontrando a alegria de viver. O texto aborda a questão do medo na infância, possibilita trabalhar o enfrentamento dos medos que povoam o imaginário infantil através da alternativa escolhida por Chapeuzinho Amarelo, ou seja, analisar o medo e poder perceber que o medo de sentir medo é maior do que o próprio objeto de medo. O texto Chapeuzinho Amarelo, portanto mostra-se benéfico para a criança, pois a criança ao projetar seus medos nos medos de Chapeuzinho Amarelo, se configura como uma transferência de dificuldade. Quando a personagem supera seu problema, conduz a um forte incentivo para que cada criança supere seu medo. O fato da personagem ter saído com êxito da situação de eterno pavor de tudo é uma indicação bastante válida da possibilidade da criança afastar seus fantasmas e levar uma vida normal.
Por Paula Railana de Oliveira Costa
Referência: BUARQUE, Chico. Chapeuzinho Amarelo. 36p. Ilustrações de Ziraldo. José Olympio Editora, RJ, 2011.
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